CONVERSANDO SOBRE TOXICOLOGIA OU UMA ÉPICA BATALHA
Não sei se você sabia mas o nosso organismo não é tão indefeso como muitos pensam, temos diversos sistemas de defesa, mas como em tudo há um limite, se o agente agressor está no ambiente de trabalho todo dia, em alta concentração e penetrou pela via correta (respiratória, dérmica, oral ou mesmo por um corte na pele) não tem defesa que aguente.
Na verdade, podemos comparar com um castelo em que os soldados fazem de tudo para que os invasores não passem pelo fosso e consigam derrubar a muralha, mas como vemos em filmes ou em excelentes livros nem sempre é possível.

Neste batalha interna, parte dos inimigos tentam entrar por todas as partes da muralha (via cutânea) e os nossos bravos guerreiros resistem com poucas baixas, porém um grupo maior entra pelo sistema de ventilação (via respiratória), dependendo da toxicidade deste inimigo foi é bem simples, basta derrubar umas grades e matar uns soldados.
Depois que a horda de agentes entra no castelo, nossas defesas não desistem. Chamam os soldados (macrófagos) para detonar. Além disso, mesmo no sistema respiratório ainda há defesas, um grude no piso (muco) e um sistema de varrição (cílios) para expulsar os invasores. Mas nem sempre é tão fácil, com ogros montados em monstros virulentos, os inimigos avançam e chegam no ponto crucial, no sangue.
Muitas batalhas estão sendo perdidas, porém com os inimigos já presentes no sangue, os feiticeiros (fígado e rins) são acionados e tentam a todo custo produzir poções enzimáticas para transformar aqueles seres agressivos em doces carneirinhos para que possam ser expulsos sem muito esforço, o problema é que mesmo estes feiticeiros cansam e nesta hora com a contínua entrada de agentes agressivos o negócio só tende a piorar.
O general (cérebro) não sabe mais o que fazer, pois tudo depende da capacidade do exército de defesa ser mais rápido na eliminação dos invasores do que a entrada destes.
A guerra não diminui de intensidade e agora já está por todo o castelo, alguns inimigos ficam circulando loucamente, surfando no sangue, pois sabem que por ele irão chegar a todas as partes do corpo, outros preferem não passear muito e ficar preso a algum órgão.
As forças estão equilibradas, cada lança caída de um lado é compensada com uma espada partida do outro, porém distraídos pela batalha, acabamos deixando que novos inimigos entrem no castelo e papo vem papo vai, no meio da guerra mesmo, os seres bárbaros acabam se relacionando e produzindo agentes mais fortes do que eram inicialmente (efeito sinérgico).
Neste momento o Engenheiro de Segurança do Trabalho, o Técnico de Segurança e o Higienista do nosso castelo podem no máximo tentar eliminar a entrada de novos inimigos, entretanto já pode ser muito tarde, este monitoramento devia ter sido feito antes. Nossa única salvação é que o Médico do Trabalho esteja a postos e consiga identificar o problema e enviar reforços para que nosso exército seja recomposto com trols, druidas e elfos.
Parece que é nosso dia de sorte, o doutor não só percebe o nosso problema mas também nos manda para casa por cinco dias para que possamos recompor a muralha.
Com o reforço, a batalha volta a se intensificar, o nosso exército revigorado com as novas armas começa a expulsar os agentes na pontas das lanças e das afiadas espadas por todos os pontos, até pelo sistema hidro sanitário (sistema urinário e digestivo) ou mesmo pelo sistema de ventilação (respiratório).
A batalha volta a perdurar por dias, mas as defesas percebem que se mantidos isolados alguns inimigos não conseguem se recompor quando passam mais de 24 horas, outros precisam de um pouco mais e outros até menos tempo (meia vida).
Depois de poucos dias de intensa batalha voltamos “recuperados” para o posto de trabalho, porém nosso exército está ciente de que se a empresa não fizer nada para melhorar as defesas, talvez na próxima batalha não tenhamos tanta sorte.
Autor: Mário Sobral Júnior – Jornal Segurito