Empatia ou Quase não troco o pneu
Vou começar este texto com a definição da palavra empatia. Se formos atrás de algum dicionário, encontraremos o seguinte: capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente.
Mas você deve estar se perguntando por que eu estou falando sobre esta palavra. Pois bem, vou responder que foi porque eu fui trocar o óleo do carro.
Sei que pode estar parecendo conversa de bêbado ou de doido, mas você já vai entender a razão desta aparente incoerência.
Eu sempre comento sobre a necessidade das empresas investirem em Segurança do Trabalho e de como esta falta de investimento pode trazer consequências para os trabalhadores e para as empresas, no entanto, sei o quanto é difícil conseguir convencer alguns patrões e nunca entendia o motivo desta dificuldade, porém, outro dia, me senti do mesmo lado do patrão e por isso comecei falando sobre empatia.

Em um destes sábados fui trocar o óleo do carro e o vendedor me explicou que os pneus estavam com os sulcos com profundidade inferior a 1,6mm e com isso eu poderia ter algum acidente (me ensinou até a fazer o teste com uma moeda de um real, se colocar a moeda no sulco e não for possível ver a parte dourada, tudo bem).
Porém, qual foi minha reação imediata, percebi que visualmente o pneu não estava careca e que ia sair caro trocar os dois pneus indicados e já estava resolvido a não trocar os calvos pneus, mas esperando o mecânico trocar o óleo, percebi que eu estava agindo igual ao empresário que acredita que apesar da especificação técnica dizer que já está no momento da manutenção, ainda tem como aguentar mais um pouco, devido ao custo ser elevado.
Depois lembrei de quantas vezes, até em aula, já havia feito críticas a este modo de pensar e principalmente de agir. Não estou justificando as ações dos empresários, mas senti na pele os motivos que levam a determinada ação.
Porém, não se preocupe, fiquei com a carteira vazia, mas troquei os pneus e lógico, vou continuar procurando argumentos para tentar convencer o patrão a investir no meu setor, porém agora consigo entender um pouco melhor como funciona a sua cabeça, pois já vivi a mesma situação.
Autor: Mário Sobral Júnior – Engenheiro de Segurança do Trabalho